Se alguém lhe dissesse que aprender a fazer filmes pode mudar para melhor a vida em comunidades pobres, você acreditaria? É disso que a coluna Bate-Papo falou com um dos fundadores de uma escola de áudio-visual em que estudam jovens pobres da Lapa e de São Gonçalo. Luís Nascimento nasceu no subúrbio de Inhaúma, formou-se em Letras e trabalhou no filme "Cidade de Deus". Hoje é coordenador do projeto "Nós do cinema". Edney Silvestre: Nesse momento, em dois lugares diferentes, estão acontecendo cursos de cinema e de animação. Você está à frente desse projeto. Que jovens estão fazendo esses cursos? Luís Nascimento: Temos dois pólos distintos, um na Lapa e outro em São Gonçalo. Temos uma parceria com as secretarias municipal e estadual de Educação no Rio de Janeiro e os alunos vêm das escolas do Rio de Janeiro. São selecionados grande parte nas escolas, alguma parte na associação de moradores. Pelo fato de estarmos na Lapa temos um grupo muito grande das ocupações do Centro da cidade. Em São Gonçalo, a história é um pouco diferente, porque estamos situados dentro de uma escola pública. Então, atendemos o público da escola, mas também outras pessoas da comunidade.
Fazendo o quê?
São os mesmos cursos: trabalhamos animação e cinema. Temos também as exibições, os cineclubes. Nosso processo de trabalho deve estar associado com a educação, porque nosso processo de trabalho não é simplesmente ensinar cinema, animação. É todo um processo de discussão social, voltado para os direitos humanos, para o direito da criança e do adolescente. É um ciclo. Trabalhamos com a questão de direitos. Temos um público que, por vários motivos, tem seus direitos violados. Muitas vezes o direito à educação, ao acesso à saúde, o direito de ir e vir, à habitação, ao trabalho. Todos esses direitos muitas vezes são violados. E muitas vezes a gente desconhece os mecanismos de violação desses direitos. Então, acreditamos que a ferramenta áudio-visual é uma ferramenta que pode contribuir para que as pessoas tenham ciência desses direitos, para que possam lutar por esses direitos. Como assim? Produzindo filmes nas próprias comunidades, sobre temas variados. A gente se baseia muito em uma frase do Godard, que dizia que filmar em si já é um ato político. O que filmam esses meninos e meninas que freqüentam o curso? Eles filmam uma série de coisas. Grande parte dos filmes está ligada a questões sociais, como a questão da sexualidade, da saúde, da gravidez na adolescência, questões de problemas étnicos e de problemas do trabalho. Basicamente das ausências dos direitos que a Constituição nos garante e que sabemos que não são cumpridos. A grande maioria são documentários e a minoria é ficção, e são filmes com temáticas muito variadas. O tempo inteiro temos solicitações de universidades do país inteiro, de grupos, de outras organizações e escolas que pedem os filmes para exibir dentro do processo de trabalho. Você vê mudanças nas pessoas que fazem os cursos, que fazem os filmes? Que tipo de mudanças? Sem dúvida. As mudanças estão sempre nas pequenas coisas. Mas muitos deles estão trabalhando. Poucos vivem disso, mas é bacana você às vezes estar em uma produção ou na rua e encontrar com algum deles trabalhando em um set de filmagem de cinema ou de televisão. Uma outra coisa é que muitos deles tiveram acesso à universidade e isso por um processo de trabalho dentro da instituição, porque a instituição sempre buscou estimular isso. Então, mesmo que não estejam cursando cinema hoje, muitos deles estão dentro de uma universidade e esse processo de uma certa forma despertou esse interesse, fez com que eles pudessem correr atrás de batalhar por uma vida melhor, com formações mais amplas e acesso a determinados lugares que talvez eles não imaginassem ter antes.
Fazendo o quê?
São os mesmos cursos: trabalhamos animação e cinema. Temos também as exibições, os cineclubes. Nosso processo de trabalho deve estar associado com a educação, porque nosso processo de trabalho não é simplesmente ensinar cinema, animação. É todo um processo de discussão social, voltado para os direitos humanos, para o direito da criança e do adolescente. É um ciclo. Trabalhamos com a questão de direitos. Temos um público que, por vários motivos, tem seus direitos violados. Muitas vezes o direito à educação, ao acesso à saúde, o direito de ir e vir, à habitação, ao trabalho. Todos esses direitos muitas vezes são violados. E muitas vezes a gente desconhece os mecanismos de violação desses direitos. Então, acreditamos que a ferramenta áudio-visual é uma ferramenta que pode contribuir para que as pessoas tenham ciência desses direitos, para que possam lutar por esses direitos. Como assim? Produzindo filmes nas próprias comunidades, sobre temas variados. A gente se baseia muito em uma frase do Godard, que dizia que filmar em si já é um ato político. O que filmam esses meninos e meninas que freqüentam o curso? Eles filmam uma série de coisas. Grande parte dos filmes está ligada a questões sociais, como a questão da sexualidade, da saúde, da gravidez na adolescência, questões de problemas étnicos e de problemas do trabalho. Basicamente das ausências dos direitos que a Constituição nos garante e que sabemos que não são cumpridos. A grande maioria são documentários e a minoria é ficção, e são filmes com temáticas muito variadas. O tempo inteiro temos solicitações de universidades do país inteiro, de grupos, de outras organizações e escolas que pedem os filmes para exibir dentro do processo de trabalho. Você vê mudanças nas pessoas que fazem os cursos, que fazem os filmes? Que tipo de mudanças? Sem dúvida. As mudanças estão sempre nas pequenas coisas. Mas muitos deles estão trabalhando. Poucos vivem disso, mas é bacana você às vezes estar em uma produção ou na rua e encontrar com algum deles trabalhando em um set de filmagem de cinema ou de televisão. Uma outra coisa é que muitos deles tiveram acesso à universidade e isso por um processo de trabalho dentro da instituição, porque a instituição sempre buscou estimular isso. Então, mesmo que não estejam cursando cinema hoje, muitos deles estão dentro de uma universidade e esse processo de uma certa forma despertou esse interesse, fez com que eles pudessem correr atrás de batalhar por uma vida melhor, com formações mais amplas e acesso a determinados lugares que talvez eles não imaginassem ter antes.
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