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segunda-feira, 3 de março de 2008

Para ficar no ministério Lupi deve deixar cargo no PDT

Para ficar no ministério Lupi deve deixar cargo no PDT, defende Múcio
Em sua avaliação, ministro do Trabalho precisa escolher, “porque não faz sentido o governo se desgastar com isso” “O meu conselho é que o ministro Carlos Lupi deixe a presidência do PDT e fique no Ministério do Trabalho. Toda essa marola sobre a assinatura de convênios entre o ministério dele e as entidades sociais e organizações não-governamentais (ONGs) só ganhou relevância porque ele continua no comando do PDT”. O “conselho” ao colega é do ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, e foi repetido ontem à noite, em conversa com o Estado, depois de seu desembarque em Brasília, vindo de Pernambuco.No sábado, em São Paulo, durante a festa dos 30 anos de vida política do deputado e ex-ministro Aldo Rebelo (PC do B-SP), José Múcio já havia dito que Lupi teria de optar, nesta semana, entre o comando do PDT e o ministério. “Ficou incômodo”, havia dito o ministro das Relações Institucionais.A Comissão de Ética Pública da Presidência já fez duas recomendações para que Lupi pare de acumular a função de ministro com a de presidente do PDT. Avalia que isso pode provocar conflito de interesses. O assunto deve voltar à pauta da comissão na próxima reunião, prevista para meados deste mês.Os “conselhos” de Múcio ganharam relevância porque começaram a ser dados em público dois dias depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter defendido o pedetista e afirmado que ele tinha “o comportamento mais republicano que um ministro pode ter”. Para Lula, o fato de Lupi ser ao mesmo tempo ministro e presidente do PDT e assinar convênios com prefeitos e líderes pedetistas era “uma bobagem”.Ele se referia às acusações de que o Ministério do Trabalho beneficiaria ONGs ligadas direta ou indiretamente ao PDT com convênios. O ministro chegou a apresentar uma lista de liberações para mostrar que entidades e prefeituras de seu partido não eram as que conseguiam mais recursos.O Estado revelou na semana passada que dois desses convênios, no valor de R$ 1,141 milhão, foram assinados com a prefeita de São Gonçalo (RJ), Maria Aparecida Panisset. O município, segundo maior colégio eleitoral do Rio (626 mil eleitores), nunca havia firmado convênios com o ministério, mas conquistou os dois três meses depois de Panisset trocar o DEM pelo PDT.CRITÉRIOS“Estou convencido de que o ministro Lupi distribui os convênios como todos os ministérios, por critérios técnicos e levando em conta as políticas públicas do governo, disse Múcio ao Estado ontem. “Mas vocês (jornalistas) tornam relevante o fato de que ele é presidente do PDT. Então, é preciso escolher, porque não faz sentido o governo se desgastar com isso.”Reportagens do jornal O Globo também mostraram, na semana passada, que Lupi fez convênios com ONGs sem capacidade para prestar os serviços assumidos. Mesmo rejeitando as suspeitas, na quinta-feira ele anunciou a suspensão, por problemas técnicos, de quatro convênios fechados com as entidades Grupo Mulher Maravilha, Associação Assistência São Vicente de Paulo, DataBrasil e Fundação São João Del Rey.Para Múcio, o governo não pode ficar enfrentando “problemas irrelevantes”. E explicou: “Temos coisas mais sérias a tratar. Esse caso do meu colega Lupi, que deve continuar no ministério, se resolve com a saída dele do comando do PDT. Basta isso.” Ontem à tarde, sua assessoria informava que Lupi continuava na presidência do PDT e na pasta do Trabalho.

O ESTADO DE SÃO PAULO

Rui Nogueira, BRASÍLIA

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