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domingo, 25 de maio de 2008

Ajuda que não caiu do céu

O sonho da casa própria para 37 famílias de baixa renda de São Gonçalo começou a tomar contornos reais quando o padre Antônio Revers (Missionários do Sagrado Coração), da Paróquia São Pedro de Alcântara, conseguiu recursos para comprar uma área de 67 mil metros quadrados em Ipiiba e a dividiu em lotes para serem vendidos a baixíssimo custo. Com a ajuda da Fundação Centro de Defesa dos Direitos Humanos Bento Rubião, eles conseguiram construir as casas em regime de cooperativa.
Hoje o padre, a ONG e a Associação Habitacional Mista de Ipiiba, formada pelos primeiros moradores, desenvolvem um projeto de casa ecológica para outras 88 famílias.
"A idéia do projeto nasceu depois que um funcionário da igreja foi enganado quando tentou comprar um terreno para construir sua casa. O terreno não era legal e ele acabou perdendo o dinheiro. A moradia não é um sonho e sim um direito de todos. A partir daí vi que tinha que fazer alguma coisa," lembra o padre Antônio, de 80 anos.
As casas, compostas de dois quartos, sala, cozinha e banheiro são dos proprietários dos lotes, que formaram uma cooperativa com a ajuda da Associação Bento Requião e construíram as moradias em regime de mutirão. O material foi financiado com recursos obtidos pela ONG, e os moradores estão pagando aos poucos.
"Ao invés de ficarem pagando aluguel, eles vão pagando aos poucos a casa que um dia será deles. Isso sem a burocracia de um financiamento comum, que exige uma renda que eles não têm. Eles pagam mensalmente um terço do salário, e com o retorno desse dinheiro, outras casas poderão ser construídas", explica o padre.
Infra-estrutura começa a ser implantada
Quando as casas ficaram prontas foram sorteadas para definir quem ficaria com cada unidade. Antes de iniciar a construção, eles receberam capacitação da ONG, com apoio técnico de engenheiros e arquitetos.
O local não tinha, praticamente, nenhuma infra-estrutura. A princípio foram furados dois poços artesianos e, posteriormente, os moradores conseguiram a legalização da ligação de água, que foi feita de forma clandestina, porém dentro dos padrões, o que facilitou a legalização junto à Cedae.
Para resolver a questão da falta de saneamento, a solução foi construir um biodigestor que separa a água, que pode ser reaproveitada dos dejetos, do qual se extrai biogás.
"Aqui separaríamos a água de sabão, vinda das pias, máquinas de lavar, chuveiro, que passaria por uma purificação e poderia ser aproveitada em um lago, por exemplo. Mas ainda falta concluir esta parte. Já os dejetos vão para outro tanque que extrai gás de cozinha, que vai para o fogão comunitário", conta um dos idealizadores do biodigestor e morador do local José Costa, de 42 anos.
Outras três casas estão em fase de finalização. Uma delas foi doada pelo proprietário e está sendo adaptada para se tornar o centro comunitário, que abrigará a cozinha comunitária, que hoje funciona precariamente em um barracão. No futuro, a idéia é usar o centro para oferecer cursos profissionalizantes e de informática.
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