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domingo, 23 de março de 2008

Dança das cadeiras em São Gonçalo


Anderson Carvalho


O secretariado que começou o governo da prefeita de São Gonçalo, Aparecida Panisset (PDT), em janeiro de 2005, não é o mesmo de hoje, três anos e dois meses depois. Para começar, o número de secretarias, que era de 11, pulou para 21. Além disso, 15 pastas trocaram de comando. Nesse troca-troca, Aparecida Panisset agregou muitos aliados, como o PTB, PSDC, PSDB, PP, PPS, PV e parte do PT. Tudo para favorecer a sua reeleição, em outubro.
Panisset iniciou seu governo com os seguintes secretários: José Maria Machado (Fazenda); Martha de Moraes (Saúde); Marcelo Pitanga (Transporte); Paulo César de Castro (Controle Interno); Eugênio Abreu (Educação, Turismo, Cultura, Esporte e Lazer); Alberto Ahmed (Governo); Jomar Coelho (Administração); Márcio Panisset (Infra-Estrutura, Urbanismo e Meio Ambiente); Regina Célia Leal Marques Vieira (Desenvolvimento Social); Marco Aurélio Lessa (Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia); e Augusto Sena (Integração e Defesa do Consumidor).
A primeira mudança aconteceu em junho de 2005, com a saída de Martha de Moraes da Secretaria de Saúde. Martha fora indicada pelo prefeito do Rio, Cesar Maia, na época aliado de Panisset, quando esta ainda era do DEM, pelo qual foi eleita em 2004.
Em janeiro de 2006, o então secretário de Fazenda, José Maria Machado, deixou o cargo, sendo substituído pelo atual, Antônio Domingues Moreno Filho, também indicado por Cesar Maia. Moreno, porém, foi chamado em janeiro deste ano de volta à Prefeitura do Rio. O secretário ainda não sabe quando retornará, segundo assessoria de imprensa de Panisset.
Em fevereiro de 2006, a prefeita desmembrou a Secretaria de Educação, Turismo, Cultura e Esportes, criando a secretaria de Turismo e Cultura. Como secretário, Felipe Rocha, vice-presidente municipal do PV.
Em 1º de abril, Panisset criou a Secretaria de Esportes e Lazer. Nomeou para a pasta Joaquim de Oliveira, do PRB. Três dias depois, exonerou José Maria Machado da de Desenvolvimento Regional, substituindo-o pelo suplente de vereador pelo PTB, Geiso Turques. Em julho, Geiso deixou o cargo e a pasta mudou o nome, sendo denominada apenas Trabalho. Como secretário, foi nomeado o então vice-presidente do PT, Luiz Paiva. Ainda em abril, Márcio Panisset deixou a Secretaria de Infra-Estrutura para retornar à Câmara Municipal e disputar a eleição para deputado estadual pelo DEM (sendo eleito). Para a pasta foi nomeado o atual titular, Aécio Nery, presidente do PPS. Em novembro, Alberto Ahmed, do PSDC, alegando dificuldades de entendimento com os outros secretários, deixou a pasta de Governo. Em seu lugar, ficou o subsecretário Cleber Garuba.
Em janeiro de 2007, nova mudança. Augusto Sena (vereador licenciado do DEM) deixou a Secretaria de Integração e retornou ao Legislativo. Em seu lugar foi nomeado Suely Amaral dos Santos Silva.
No mês seguinte, Panisset exonerou Walmar Guimarães da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, nomeando o seu chefe de gabinete, Adolpho Konder, membro da executiva regional do DEM. Na ocasião, criou a Secretaria de Habitação. Para a pasta, nomeou o vereador Fernando Medeiros (PSDC). Ainda em fevereiro, criou a pasta de Políticas Estratégicas, nomeando o vereador Josias Moniz (PP), que faria interlocução com o Legislativo. Enfraquecendo assim o então secretário de Governo, Eugênio Abreu, que estava tendo dificuldade em atender às demandas levadas pelos vereadores governistas.
Em março, exonerou Felipe Rocha da pasta de Turismo e Cultura e depois, nomeou o vereador José Augusto Abreu (PPS). Em agosto, com a ida de Panisset para o PDT, Luiz Paiva foi transferido da pasta de Trabalho para a do Governo, no lugar de Eugênio Abreu. No cargo de Paiva foi nomeado o presidente do PDT, Henrique Porto. Em novembro, a prefeita conseguiu o apoio do PSDB e nomeou Alice Tamborideguy para a Cultura, no lugar de José Augusto Abreu, que retornou ao Legislativo. Nas eleições de 2004, Alice fora vice na chapa da então candidata a prefeita Graça Matos (PMDB), sendo ferrenha crítica da gestão de Panisset. Até ser nomeada, o PSDB cogitava em lançar a tucana como candidata a sucessão municipal nas eleições de outubro.
Em janeiro passado, Panisset criou a Secretaria de Meio Ambiente, desmembrando-a da de Infra-Estrutura. Nomeou para a pasta o presidente municipal do PTB, Sérgio Gevú.
Procurada pela reportagem para falar sobre as mudanças em seu secretariado, Aparecida Panisset respondeu, através de sua assessoria de imprensa, que elas são medidas administrativas. Disse ainda que não é candidata à reeleição, o que será decidido pelo PDT em abril.
Pasta da Saúde é a campeã do troca-troca
A Secretaria Municipal de Saúde é a recordista em troca de secretários do Governo Aparecida Panisset. O atual, deputado estadual licenciado Márcio Panisset (DEM), é o quinto titular da pasta, no cargo desde maio do ano passado. A primeira secretária, Martha de Moraes, foi substituída no posto pelo então secretário de Controle Interno, Paulo César de Castro, que acumulou as duas funções. Martha ficara apenas seis meses no cargo.
Paulo César ficou na Saúde até fevereiro de 2006, sendo substituído por Luiz Carlos Pacheco. Este foi titular da pasta até maio de 2007, quando pediu exoneração do posto. Esta nomeou então Eisnar Sturns, que em maio do ano passado pediu exoneração, desgastado com acusações na imprensa de suposto desvio de comida, remédios e de material e atraso no pagamento de médicos do Pronto Socorro de São Gonçalo, feitas por diretores da unidade.
A pasta sempre foi problemática na gestão de Aparecida Panisset. Nos últimos três anos, a população procurou a imprensa para denunciar a falta de profissionais da área (médicos e enfermeiros) nos postos, nos dois pronto-socorros e nos dois hospitais da rede municipal de saúde. Martha, ao ser exonerada, alegou falta de recursos para resolver os problemas do setor. Luiz Carlos Pacheco, ao pedir a sua exoneração, alegou como motivo a existência de "forças ocultas", que atrapalharam a sua gestão e o forçaram a pedir demissão. Nunca explicou que "forças ocultas" eram. Márcio Panisset, para tentar melhorar a situação da saúde no município e assim, garantir a reeleição da irmã, transferiu o seu gabinete para o Pronto Socorro de São Gonçalo, visando ficar mais de perto dos problemas do setor e resolvê-los. Impôs a lei do silêncio na área. Proibiu médicos e enfermeiros da rede de falarem com a imprensa sem a autorização dele.

O Fluminense

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