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terça-feira, 12 de outubro de 2010

Prefeitura de São Gonçalo é condenada por resultado errado em exame de HIV

Cristiane Gonçalves diz que foi abandonada pelo marido, engordou e tentou se matar. Em primeira instância, a Justiça condenou prefeitura de São Gonçalo a pagar R$ 20 mil. Uma sucessão de mal estar foi o suficiente para criar o maior pesadelo da vida de Cristiane Gonçalves da Silva. Com filhos gêmeos ainda bebês, ela resolveu fazer um check up no posto de saúde de Neves, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, e descobriu ser portadora do vírus HIV. O resultado fez com que seu cotidiano e de seus filhos nunca mais fossem os mesmos: o marido a deixou e, acreditando que iria morrer, Cristiane entrou em depressão abandonou a família, tentou o suicídio e engordou 125 kg.  A salvação veio da avó das crianças que, inconformada com o diagnóstico da filha e com o rumo que sua vida levara depois da descoberta da suposta doença, juntou dinheiro e conseguiu convencê-la a refazer o teste. Dessa vez num laboratório particular. O novo resultado constatou um erro: Cristiane não tinha Aids.

Pesadelo

“O pesadelo começou quando soube o resultado do primeiro exame. Não consegui viver mais como antes. Minha cabeça virou, eu não queria saber de nada, queria morrer. Quando aceitei fazer o novo exame e vi resultado. Fiquei em estado de choque: como podia ser aidética e ao mesmo tempo não ser?”, contou ela.

A certeza de que não seria o resultado negativo para HIV o errado só veio depois que se inscreveu para doar sangue no hemonúcleo de São Gonçalo e os exames deram negativos para todas as doenças testadas, incluindo o HIV.

Mas a recuperação total dos danos causados pelo erro ainda não veio. “Não consigo ser mais a mesma pessoa, ainda tomo antidepressivos. Minha cabeça ainda está meio embaralhada”, diz Cristiane, que ainda faz tratamento psiquiátrico.

R$ 100 mil de indenização

Em setembro, a Justiça condenou a prefeitura de São Gonçalo a pagar R$ 20 mil a Cristiane pelo danos causados. Ela e a advogada acham pouco. “Ainda não tenho vitória. Só vou ter quando for ressarcida pelo o que aconteceu: os danos físicos e psicológicos”, reclama ela. Sua advogada pede que o valor mude para R$ 100 mil.

Mas a prefeitura também recorreu da decisão. Em nota oficial, alega que “faltam ao caso subsídios para comprovar a sua veracidade” e que “o exame pode não ser de Cristiane”. O documento explica ainda que, como foi pedido sigilo na realização do exame, a paciente “teve sua identidade totalmente preservada, sem nome, endereço, telefone, ou qualquer outra informação. Apenas foi dado um número de matrícula, em que qualquer pessoa pode pegar o resultado”.

A defesa de Cristiane, no entanto, diz que conseguiu provar que o tal número correspondia ao nome dela. “Conseguimos com o posto de saúde a ficha dela e juntamos ao processo”, garante a advogada Ana Maria Godinho.

Os dois recursos - o da vítima e o da suposta ré, a prefeitura - estão à espera de julgamento na Quarta Vara Cível de São Gonçalo.

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